Provavelmente você já ouviu falar sobre pensar no agora, manter sua mente no agora (principalmente se, assim como eu, leu o livro O Poder do Agora, do Eckhart Tolle). Esse tipo de conselho geralmente vem quando estamos nos sentindo ansiosos, com medo, especulando algo sobre o futuro ou remoendo alguma situação do passado – mesmo que esse passado tenha acontecido há 5 minutos.
Recentemente caiu na conversa entre diversos grupos de amigos meus o fato de que toda essa repercussão do coronavírus fez a gente pensar como nos sentimos impotentes por não saber o que vai acontecer amanhã. Mas, um dia soubemos?
A grande e dura verdade é que não. Nunca tivemos, não temos e nem teremos controle sobre o futuro. E por que é tão difícil focar no agora?
Há umas semanas falei pra minha terapeuta que estava tendo dificuldade em me concentrar no agora, em meditar, que sempre que estava praticando yoga ficava ansiosa pra aula acabar. Por que é tão difícil ficar no agora?
Não pensar no próximo movimento, qual será a tarefa depois dessa, o que vou fazer de almoço… São coisas banais mesmo que às vezes vêm na nossa mente quando tentamos nos manter no momento presente por alguns instantes se quer.
Quando envolve um medo, o buraco vai mais fundo. Porque além do futuro, envolve também o passado, nossas experiências e vivências. E não são coisas banais que vem na cabeça. Geralmente são os piores cenários possíveis. E aí, lógico, esses pensamentos já vêm de mãos dadas com a tristeza, a dor, o desespero pela falta de controle e o que vou fazer se aquilo acontecer – nos baseando em situações similares que possam já ter acontecido e não queremos que aconteça de novo da mesma maneira.
De que adianta? Se acontecer, vamos ter que lidar. Vamos ter que passar por isso. E, por mais que pareça, não somos a mesma pessoa que lidou com algo parecido no passado. Além do que, justamente por ser algo parecido, não é a mesma coisa, não é o agora. Não é possível entrar duas vezes no mesmo rio. Assim como nenhum pôr do sol é igual ao outro – e a cada instante de um mesmo pôr do sol o céu se transforma.
Essa agonia causada pela antecipação do sofrimento (velho conhecido ou futuro temido) nada mais é do que não estar no agora. Nossa mente viaja lá pra longe, para o futuro, jurando que vai ajudar em algo prever as situações, nossas reações. Muito pelo contrário.
Parece mais fácil de colocar em prática quando se fala assim. E não acho que o melhor seria reprimir esses sentimentos não (JAMAIS), mas sim aceitar que eles podem existir dentro da gente, por um momento, e deixá-los ir. Eles não estão no agora. Fica aqui esse lembrete para mim mesma.